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Feira de Santana / 20 de maio de 2021 - 09h 49m

Radialista da Sociedade News é acusado de pedofilia e abuso sexual

Radialista da Sociedade News é acusado de pedofilia e abuso sexual
Feira de Santana registrou, no ano passado, 102 casos de abusos sexuais contra crianças.
Compartilhamento Social

Por Dandara Barreto

Quanto tempo pode durar o silêncio de uma vítima de pedofilia? Mais de trinta anos se passaram até que a artesã Eleonora Sampaio tomasse conhecimento que suas filhas eram abusadas sexualmente pelo seu companheiro, o radialista feirense Rogério Magalhães, de 53 anos, padrasto de uma das filhas de Eleonora e pai biológico de outra, dentro de sua própria casa. Rogério é o apresentador de um dos programas mais antigos da Sociedade News/Princesa FM de Feira de Santana, grupo católico controlada pela Fundação Santo Antônio dos Frades Capuchinhos.

Após a separação de um casamento conturbado, marcado pela violência doméstica, Eleonora passou a frequentar delegacias em busca de proteção, já que diz ter sua vida ameaçada diversas vezes pelo ex- marido. Em uma das tentativas de buscar justiça, uma das suas filhas, que tem hoje 37 anos, se propôs a testemunhar em favor da mãe e revelou que fora abusada dos 6 aos 12 anos de idade pelo então padrasto. A partir dessa revelação, mais um depoimento chocou a família. A filha do casal também relatou que sofreu abuso. Eleonora conta que nunca observou nenhum comportamento estranho das filhas, mas lembra que há muito tempo o viu acessando site de conteúdo pornográfico infantil.“Nós trabalhávamos juntos numa rádio. Um dia, eu cheguei mais cedo do que deveria na redação e vi na tela do computador que ele estava acessando, uma foto de uma criança nua. No dia nos desentendemos e ele me deu uma desculpa qualquer e me fez sentir culpada por ter pensado que ele fosse capaz de acessar aquele tipo de material para fins sexuais. Eu cheguei a pedir desculpas a ele”, relembra. As identidades das filhas não serão reveladas a pedido da família.

De acordo com a artesã, suas filhas nunca revelaram os abusos sofridos por ser algo que as feria muito, mas as convenceu de denunciar mesmo tendo passado tanto tempo. “Quando minhas filhas me contaram, eu falei que ele precisava ser denunciado porque a gente tem 3 netas e muitas crianças podem ter passado por isso e ela disse: “mãe, já passou”, mas não passou. Essas coisas não passam”, desabafou.

Eleonora teme a prescrição do crime, pois a lei determina que após 20 anos desde que a vítima completa maior idade e uma dessas filhas está prestes a completar 38 anos. O advogado das vítimas e especialista em direito penal, Joari Wagner, disse que apesar disso, há chance de o abusador ser preso. “Em crimes sexuais a palavra da vítima pesa muito e neste caso, são duas vítimas. O fato de ter passado muito tempo, pesa em favor dele, mas ele pode sim ser preso. Nunca é tarde para denunciar”, afirmou.

Há seis meses a família tomou conhecimento dos abusos. No mês de abril as vítimas foram até a polícia que intimou o radialista para depor na última semana, mas apresentou um atestado médico, alegando estar com Covid-19.  O advogado de defesa do radialista, Andrei Smith, informou que o seu cliente está internado por complicações da doença, mas seu quadro de saúde é estável. Ele disse ainda que não teve acesso ao inquérito e que vai se pronunciar assim que acessar os autos.

A delegada titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM), Clécia Vasconcelos, contou que o inquérito está parado na delegacia pela ausência do depoimento do radialista. Segundo a delegada, o atestado médico apresentado por ele é válido até quinta-feira (20). Ainda de acordo com Clécia, ele será intimado novamente e após prestar depoimento, o inquérito será remetido à justiça para que não haja chance de o crime prescrever.

Procurado, o grupo que representa a rádio Sociedade e Princesa FM não quis comentar o caso. Detalhes da denúncia, em áudio, podem ser ouvidos no site De Olho no Rádio. 

CASOS EM FEIRA 
No último dia 18 de maio, foi celebrado o dia nacional de combate ao abuso e à exploração sexual infantil. Feira de Santana registrou, no ano passado, 102 casos de abusos sexuais contra crianças. De janeiro até abril deste ano, foram 25 casos, de acordo com dados dos conselhos tutelares do município.Um levantamento da ONG Childhood Brasil, publicado em 2019, aponta que 92% das denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes, pelo Disque 100, envolviam vítimas do sexo feminino. Grande parte dos abusadores eram familiares, como tios, primos e até pais ou padrastos.Especialistas em direito da criança e do adolescente pontuam que a criança ou adolescente vítima de violência sexual demonstra por meio de alguns comportamentos. Podem ser sinais de alerta “agressividade, condutas sexuais inadequadas, distúrbios alimentares e afetivos, ansiedade, depressão, uso de drogas”, entre outros.Denunciar é fundamentalCasos de abuso ou exploração sexual infantil podem ser denunciados pelo Disque Direitos Humanos – Disque 100, disponível 24 horas, e pelo link: https://www.gov.br/mdh/pt-br/ondh/. Há também o Disque Denúncia Estadual – Disque 123, além da Polícia Militar, Delegacia da Criança e do Adolescente, Delegacia da Mulher, Conselhos Tutelares e Ministério Público. As denúncias podem ser anônimas e, em todos os relatos, a identidade do denunciante é preservada.


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