Aposentada de Feira de Santana foi a responsável pela investigação que descobriu fraude bilionária no INSS

O programa Fantástico deste domingo, 04, revelou que o amplo esquema de fraudes e desvios de dinheiro de aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) descoberto pela Polícia Federal teve como ponto de partida a denúncia de uma aposentada de Feira de Santana.
O Fantástico teve acesso a informações da investigação da Polícia Federal sobre a fraude do INSS que atingiu pelo menos 4 milhões de aposentados e pensionistas. Os descontos indevidos passam de R$ 6 bilhões. A perícia descobriu que duas associações investigadas, em Sergipe, foram criadas com documentos que continham assinaturas falsas.
Em 2019, o INSS passou a permitir que associações – como essas de Sergipe – recolhessem contribuições de forma automática, descontadas direto das folhas de pagamento dos aposentados. A única condição era um documento que comprovasse a associação do beneficiário de forma voluntária. Poderia ser uma simples assinatura em uma folha de papel. Foi aí que a fraude começou.
Os descontos ilegais nos contracheques são identificados como contribuição, seguido do nome de uma associação e de um número de telefone. Valores que variavam entre R$ 30 e R$ 50. Muitos beneficiários não percebiam para quem o dinheiro era destinado.
Mas uma aposentada de Feira de Santana, na Bahia, ficou inconformada. Ela, que preferiu não se identificar, insistiu tanto com o Ministério Público Federal que a investigação começou a andar em Sergipe. Isso porque a associação que estava debitando dinheiro dela tem sede em Aracaju. O Fantástico teve acesso com exclusividade ao trabalho dos peritos da Polícia Federal no estado, onde seis suspeitos foram presos. A perícia comparou assinaturas entregues pela aposentada de Feira de Santana com documentos fraudados que uma das associações investigadas usou para autorizar os descontos junto ao INSS. “A assinatura que foi posta no termo de filiação e na autorização de desconto são falsificadas. Nós identificamos elementos que apontam o nascimento dessas entidades, já com cometimento de crimes”, afirma o delegado Carlos César Pereira de Melo, delegado da Polícia Federal/ SE.
A operação da CGU – Controladoria-Geral da União e da Polícia Federal, deflagrada no último dia 23, cumpriu mais de 200 mandados de busca e apreensão e ordens de sequestro de mais de R$ 1 bilhão. Os agentes foram às ruas do Distrito Federal e outros 13 estados para combater a fraude que desviou mais de R$ 6 bilhões de aposentadorias do INSS entre 2019 e 2024.
No dia da ação, a Justiça determinou o afastamento de seis servidores públicos suspeitos de omissão, entre eles o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que acabou demitido.
A CGU disse que, por causa dos indícios de irregularidades, em 2023 recomendou ao INSS a suspensão dos acordos com associações que faziam descontos em aposentadorias. Carlos Lupi, então ministro da Previdência Social, confirmou que foi comunicado. Mas as denúncias só começaram a ser apuradas um ano depois, quando a CGU já tinha aberto auditoria, como revelou o Jornal Nacional.
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