Bet em Feira expõe contradição: líder do Governo nega avanço, mas presidente da Câmara confirma que projeto já tramita na Casa
A sessão da Câmara Municipal de Feira de Santana desta terça-feira (2) expôs contradições dentro do grupo governista sobre a proposta de criação da loteria municipal. As divergências ficaram evidentes tanto sobre a tramitação do projeto quanto sobre sua possível relação com o universo das apostas.
O desencontro começou quando o líder do Governo, José Carneiro (União Brasil), disse que a proposta ainda não chegou formalmente ao Legislativo. “O Governo municipal nem apresentou o projeto ainda, está no rol da especulação. Estão confundindo e vendendo gato por lebre”, declarou.
Marcos Lima (União Brasil), presidente da Câmara, apresentou a versão oposta. Segundo ele, o texto já está na Casa. “Nós já recebemos o projeto. Ele foi lido em plenário e está seguindo para as comissões, onde será analisado e poderá receber emendas”, afirmou.
As falas divergiram também sobre a natureza da proposta. José Carneiro afastou qualquer ligação com plataformas de aposta. “A ideia é criar uma loteria parecida com a estadual ou a federal, e não uma bet ligada ao futebol”, afirmou. Ele acrescentou que o tema ainda está em estudo pelo Executivo. “O prefeito explicou que está tudo na fase das imaginações, fazendo um estudo para ver se é viável.”
Marcos Lima, por outro lado, aproximou o debate do cenário das apostas digitais ao explicar que a loteria municipal poderia captar parte da movimentação já existente entre moradores. “Bet em Feira já existe. Só não é registrada aqui. Com uma loteria municipal, o recurso fica no município”, disse. Ele destacou ainda que o tema será tratado sem pressa. “Está na fase de comissão, na fase de emendas. Será discutido com calma. É polêmico e não vamos tratá-lo de qualquer forma.”
As declarações expuseram contradições dentro do grupo governista, embora nenhum dos dois vereadores tenha se posicionado contra a criação da loteria municipal. O tema tem sido alvo de críticas de parte da população, que questiona a relevância da proposta e pede esclarecimentos sobre os benefícios concretos que ela pode trazer ao cidadão feirense.