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Feira de Santana / 17 de agosto de 2020 - 07h 31m

Pró-Vida de quem?

Pró-Vida de quem?
foto: reprodução
Compartilhamento Social

Por Dandara Barreto

Neste fim de semana integrantes de grupos de religiosos foram à porta de um hospital onde uma menina de 10 anos, que vinha sendo estuprada por um tio desde os 6 anos de idade, estava internada para, legalmente, interromper a gestação que foi fruto destes estupros. O assunto tomou conta dos noticiários e causou indignação. Os manifestantes se diziam pró-vida.
Quando escutei este termo, fiquei a me questionar de qual vida eles falam.
Eu gostaria de falar de 33 milhões de vidas invisíveis, pois este é o número de crianças que vivem na pobreza ou com privação de direitos, isso representa 61% das crianças brasileiras; 1/4 das crianças e dos adolescentes do país (aproximadamente 13 milhões) não tem saneamento básico; 2,5 milhões estão fora da escola; 2,7 milhões em situação de trabalho infantil; Três crianças com idades entre 1 e 5 anos são abusadas sexualmente no Brasil a cada hora. São cerca de 32 mil casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes todos os anos.
Estes dados são do relatório “Child Rights Now – Análise da Situação dos Direitos da Criança no Brasil”, que num trabalho conjunto de 5 ONGs, mapeou o cumprimento das metas internacionais de garantia dos direitos na infância firmadas pelo Brasil.
De acordo com o Aurélio, o conceito de vida é a “propriedade que caracteriza os organismos cuja existência evolui do nascimento até a morte”.
Então eu questiono: qual o fenômeno faz toda solidariedade à vida acabar depois que ela nasce?
Estes números não vão trazer a mesma indignação que o aborto da garota de 10 anos, estuprada desde os 6 causou.
Não há novidade neles. Eles sempre gritaram aos nossos olhos, mas, de repente, o problema parece deixar de ser nosso. Eles não farão com que as pessoas corram para as portas dos gabinetes do prefeitos, governadores, presidente da república, câmaras federais, assembléias legislativas, para exigir condições básicas pró-vida.
Milhões de meninas e meninos são vítimas da desigualdade que assola o país e são diretamente prejudicados pelo abandono do estado.
Ser pró-vida deveria ser defendê-la enquanto ela existir.


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