Seca atrasa safra e encarece produtos típicos das festas juninas em Feira

As tradicionais comemorações de São João, conhecidas pela animação e pelas mesas repletas de comidas típicas, enfrentam um desafio neste ano: o atraso das chuvas nos meses de fevereiro e março impactou negativamente a produção de milho e amendoim — ingredientes indispensáveis nas festas.
Essas culturas têm um ciclo de produção curto, com colheita prevista cerca de três meses após o plantio, geralmente feito durante o período chuvoso. Sem a precipitação adequada, a irrigação se torna a única alternativa, elevando os custos de produção.
No Centro de Abastecimento, a comerciante Damile Santana informou que está vendendo milho verde e amendoim trazidos de Sergipe, já que a produção local foi comprometida. “Com o frete mais caro, os preços sobem”, explicou. A saca de amendoim está sendo vendida a R$ 400, e o balde de cinco litros por R$ 15 — valores superiores aos do ano passado, quando a saca saía por R$ 300. A previsão é que os preços continuem subindo nos próximos dias.
O milho também está mais caro. A saca com cem espigas custa R$ 80 e, no varejo, oito espigas são vendidas por R$ 10. A escassez causada pela estiagem afeta a oferta do produto, e isso pressiona os valores para cima. Outros itens típicos, como a laranja, por enquanto mantêm preços estáveis, mas a tendência é de alta com a chegada das festividades.
Ariosvaldo da Silva, que comercializa amendoim no atacado e cultiva no município de São Felipe, no Recôncavo baiano, está vendendo a saca de 60 litros por R$ 250. Segundo ele, as vendas ainda não estão tão aquecidas como em anos anteriores, mas a expectativa é de melhora com a aproximação do São João. No entanto, ele alerta: “A colheita foi fraca por conta da seca, então os preços devem subir ainda mais.”
A menor oferta dos produtos, somada à demanda tradicional do período, deve deixar os itens típicos com preços mais altos. Mesmo com a possibilidade de manter a tradição de torrar o amendoim ou assar o milho, muitas famílias talvez precisem reduzir a quantidade servida para driblar os altos custos.
A estiagem e a consequente quebra na safra obrigam comerciantes a buscar produtos em outras regiões, geralmente cultivados com irrigação, o que aumenta ainda mais o valor final. A tendência, segundo os vendedores locais, é de que os preços continuem subindo à medida que o São João se aproxima — com demanda alta e oferta limitada em relação ao ano passado.